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Sergipe
guarda em sua história e tradição muito das culturas portuguesa e negra e um
dos mais ricos folclores do Brasil. São inúmeras as manifestações culturais
que nos remetem ao passado e garantem, no presente, uma permanente interação
entre as mais diversas comunidades responsáveis pela continuidade do nosso
folclore. A seguir, você fará uma viagem pelo que há de mais belo na cultura
popular sergipana.
Dança do período natalino em
homenagem ao nascimento do menino Jesus. A "brincadeira" começa em
dezembro e vai até fevereiro, antes da quaresma, quando se realiza o "enterro
do boi" - artefato que imita a figura do boi, enfeitado por fitas e tecidos
coloridos -, que só é desenterrado dias antes do período de dançar.
Vários personagens formam o grupo. Os
instrumentos que acompanham o Reisado são geralmente, o violão,
sanfona, pandeiro, zabumba, triângulo e ganzá.
Um detalhe curioso é o fato de
existir no estado um Reisado formado apenas por crianças. Não há registros de
nada similar em todo o país.
Meninos e homens pintados de preto,
unidos aos Caboclinhos (que se vestem
a maneira indígena), encenam um folguedo baseado nos episódios de destruição
dos quilombos
No tempo da escravidão, os escravos negros fugitivos roubavam as anáguas das sinhazinhas. Cobrindo todo corpo até o pescoço, sobrepondo peça por peça, saíram pelas ruas dando pulos, rodopiando... A superstição da época contribuiu para que os senhores ficavam apavorados com tal assombração e não ousavam sair de casa.
Após libertação, os negros saíram pelas ruas vestidos do jeito como faziam para fugir dos seus donos. Nasceram assim os parafusos.
Em 1960, foi criado, por um morador local, que é apaixonado pelo tema do cangaço, um grupo composto de 17 homens e 2 mulheres (representando Maria Bonita e Dadá), vestidos de cangaceiros que saiu cantando e dançando pelas ruas de Lagarto, costume vivo até hoje.
Dança em homenagem a São Gonçalo do Amarante, que
segundo a lenda, teria sido um marinheiro que
tirou muitas mulheres da prostituição, através da música alegre que
fazia com a viola. A dança é acompanhada por violões, pulés (instrumentos
feitos de bambu), e caixa. A caixa é tocada pelo "patrão" - homem
vestido de marinheiro, como alusão a São Gonçalo do Amarante. O grupo dança
em festas religiosas e pagamento de promessas. É composto em suas maioria por
trabalhadores rurais, que se vestem de mulher, representando as prostitutas. Um
dos grupos mais apreciados pela singeleza da dança e da música.
Grupo de forte característica religiosa tendo por objetivo a louvação a São Benedito e a Nossa Sra. do Rosário, ambos padroeiros dos negros no Brasil. É da imagem dessa santa que se retira a coroa para colocar na cabeça da "Rainhas das Taieiras" ou "Rainha do Congo". Durante a missa na Igreja de São Benedito, em Laranjeiras, as Taieiras, grupo de influência afro, participa efetivamente do ritual cristão numa demonstração clara do sincretismo religiosos entre a Igreja Católica e os rituais afro-brasileiros. O momento da coroação é o ápice da festa que se realiza sempre no dia 06 de janeiro, nessa igreja.
Tocando quexerés (instrumentos de
percussão) e tambores, as Taieiras, trajando blusa vermelha cortada por fitas e
saia branca, seguem pelas ruas cantando cantigas religiosas ou não.
Este evento é definido como uma das
mais claras demonstrações de sincretismo, com santos e rainhas, procissões e
danças misturados num mesmo momento de celebração.
Dança realizada em homenagem aos
padroeiros dos negros, São Benedito e N. Sra. do Rosário. Composto
exclusivamente por homens, o Cacumbi traça uma perfeita arrumação de seus
componentes no contorno e no ritmo.
A
festa é rítmica, o som é marcante e o apito coordena a mudança dos passos.
Chapéus enfeitados por fitas e espelhos, cores vivas e muita alegria marcam o
espetáculo.
Dança que representa em sua evolução
a luta dos cristãos pelo batismo dos Mouros. A apresentação sempre acontece
na porta de igrejas, onde uma embarcação de madeira é montada para o
desenvolvimento das jornadas.
A predominância é do azul e do
branco. O padre, o rei e os Mouros (personagens da Chegança), utilizam outras
tonalidades. O pandeiro é o principal instrumento de acompanhamento, eles
utilizam também apitos e espadas. Bastante teatral, a apresentação completa
da Chegança demora, geralmente, 60
minutos.
O
samba é um gênero musical e tipo de dança popular brasileira cuja origem
remonta à África. Os negros escravos que chegaram a Sergipe no início do século
17 trouxeram uma bagagem cultural muita significativa, com ritmos e cânticos
que aos poucos foram sendo assimilados pelos portugueses e brasileiros. Essa
mistura de culturas produziu um tipo
de samba, marcado por batidas suaves e sincopadas.
Sergipe
é responsável pela absorção do samba em outras manifestações folclóricas,
existentes até hoje. Em várias partes do Estado, mas principalmente no Litoral
Sul, grupos folclóricos como Batucada, Samba de Coco e Pisa Pólvora, são
exemplos vivos da raiz mais pura do Samba.
Um
ritual, uma dança folclórica, muito parecida com a Batucada, ambas manifestações
populares com forte expressividade no município de Estância. A finalidade
maior do Pisa-Pólvora é preparar a pólvora para as sensacionais batalhas de busca-pés e para os barcos de fogo, abrindo os festejos juninos da cidade.
A dança é realizada em torno de um pilão, onde estão colocados o enxofre, o salitre e o carvão, substâncias utilizadas no preparo da pólvora. Homens e mulheres costumam participar, vestidos à moda caipira, cantando e dançando ao som de ganzás, tambores, triângulos, reco-reco e porca.
O ritual é uma herança dos tempos da escravidão; os negros costumavam realizar as tarefas, dançando, pisando forte no chão e tirando versos de improviso.
Sua
origem africana está ligada intimamente à formação dos quilombos. Os negros
que fugiam das senzalas se reuniam em locais distantes - quilombos, e para
passar o tempo ocioso cantavam enquanto praticavam o ritual da quebra do coco,
retirando a coconha (amêndoa), para o preparo dos alimentos. No Samba de
Coco, o tirador do coco, também chamado de coqueiro, é quem puxa os versos,
que são respondidos pelo coro dos participantes. Os versos podem ser
tradicionais e improvisados e aparecem nas mais variadas formas, quadras,
sextilhas, décimas, etc.
No Samba de Coco o canto é marcado
pelos instrumentos de percussão: cuícas, pandeiros, ganzás, bombos, tambores,
chocalhos, maracas e zabumbas que acompanham a sanfona.
Enquanto dançam, sapateando e pisando
forte no chão, os participantes batem palmas e cantam, girando sem parar,
desenvolvendo passos e requebros.
A indumentária é simples. As
mulheres usam vestidos estampados, com saias rodadas e cinturas marcadas, e os
homens, calças comuns e camisas identicamente estampadas. Nos pés, usam
tamancos de madeira que ajudam a sonorizar o ato da pisada no chão.
Manifestação
folclórica bastante difundida no município de Estância. Os instrumentos de
percussão - tambor, reco-reco, ganzá e triângulo - e o compasso rítmico das
batidas dos pés são as características mais marcantes.
A Batucada é composta de 100 a 150 figurantes, homens e mulheres, que vestem indumentárias típicas do ciclo junino. Na cabeça, todos usam chapéus de palha e nos pés tamancos de madeira.
Costume e tradição do município de
Carmópolis. Os Bacamarteiros comemoram a noite de São João (24 de junho) com
dança, música e muitos tiros de bacamarte (espécie de rifle artesanal). O
grupo é composto por mais de 60 participantes, entre homens e mulheres. As
mulheres trajam chapéu de palha e vestido de chita, dançam sempre em círculo,
enquanto os homens, que ficam atrás, vão disparando tiros de bacamarte, de
acordo com o desenrolar da dança.
A Sarandaia, realizada em Capela, é a junção de dois grupos folclóricos: Zabumba e Bacamarteiros. No dia 31 de maio, à meia-noite, eles saem às ruas pedindo brindes para ajudar a compor o mastro. O cortejo invade a noite com muita gente dançando ao ritmo da zabumba e os estouros dos bacamartes.
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