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150 ANOS DO NASCIMENTO DA PRINCESA ISABEL - A REDENTORA DONA ISABEL

 

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Lei Áurea, click on it

 

Às 6:26 horas da tarde do dia 29 de julho de 1846 nascia a Princesa Isabel. segunda filha do Imperador D.Pedro II, assistida pelo Dr. Cândido Borges Monteiro, no Paço de São Cristóvão, Rio de Janeiro. Batizada na capela Imperial no dia 15 de novembro daquele ano pelo Bispo Capelão-Mor. Conde de Irajá. recebeu o pomposo nome Isabel Cristina Leopoldina Augusta. Isabel, por causa da avó materna, Rainha de Nápoles; Cristina, que lembraria sua mãe, a Imperatriz Dona Tereza Cristina; Leopoldina. em homenagem a sua avó paterna, a primeira Imperatriz do Brasil e Augusta como premonição do futuro que a aguardava. A esses nomes acrescentaram-lhe os tradicionais dos príncipes de Bragança: Micaela, Gabriela, Rafaela Gonsaga.

Com a morte de seu irmão mais velho, o Príncipe Dom Afonso, tornava-se, aos onze meses de idade, herdeira do trono e sucessora de seu pai. Neste mesmo ano de 1847 nasceria a 13 de julho a sua companheira de toda a mocidade, a Princesa Leopoldina, sua irmã.

Em 1848 nasceu o seu segundo irmão varão, o Príncipe Dom Pedro, que veio a falecer dois anos depois. Para herdar o trono fundado por Dom Pedro I , restava uma frágil princesa de quatro anos de idade que seria, daí em diante, a Princesa Imperial. O reconhecido oficial como sucessora de seu pai teve lugar a 10 de agosto de 1850 , quando a Assembléia-Geral, reunida no Paço do Senado às 11 horas da manhã, proclamou-a Herdeira do Trono na forma dos Artigos 116 e 117 da Constituição do 1mpério.

A 29 de julho de 1860 completava D. Isabel seus 14 anos e, de acordo com o Artigo 106 da Constituição, deveria prestar o juramento por esta determinado de "manter a religião católica apostólica a romana, observar a Constituição política da nação brasileira e ser obediente às leis e ao imperador.

A fim de prepará-la para o papei que lhe estava reservado, começou Dom Pedro II a preocupar-se com a formação da futura Imperatriz. Desde cedo, porém. o Imperador iniciou entendimentos para dar às filhas uma preceptora. Por indicação da Princesa de Joinville a escolhida foi D. Luisa Margarida Portugal de Barros, filha do diplomata Domingo Borges de Barros. Visconde de Pedra Branca. casada com o fidalgo francês Visconde de Barrai. A futura Condessa de Barral iniciou suas funções em setembro de 1865.

Para a instrução da Princesa Isabel e da sua irmã diversos mestres foram então designados. Lendo seus programas de estudo, tão repletos de aulas e obrigações, pode-se imaginar que a Princesa Isabel teve uma infância diferente das crianças de seu tempo. Contudo, teve certamente suas horas de brincadeiras, principalmente em Petrópolis. onde em seu diário ela diz: "Petrópolis, residência de verão, residência deliciosa: jardins floridos canais cortando a cidade... "ou ainda mais adiante "Eu fui de Petrópolis a pé até a cascata de Tamarati A mana andou tão pouco a cavalo. " Em São Cristóvão, para amenizar o ambiente tão carregado de estudos e deveres, pequenas peças teatrais eram levadas à cena e as princesas desempenhavam os principais papéis na companhia dos amigos de infância.

Em todos os tempos e lugares os casamentos de príncipes são motivo para as mais desencontradas opiniões e comentários. Era natural que o governo e o povo dessem a maior importância ao casamento da Princesa Isabel, dedicando-lhe toda a atenção. Cabia ao ministério movimentar a máquina diplomática para localizar um Principe Consorte. Depois de enorme correspondência trocada com a nobreza européia é a própria Princesa quem escolhe o seu Príncipe, Luís Gastão de Orléans, o Conde d’Eu. Em 18 de setembro de 1864 o príncipe francês pede a mão da herdeira do Império do Brasil. O casamento teve lugar na Capela Imperial, no Rio de Janeiro, a 15 de outubro daquele ano. No mesmo dia os noivos partem para a lua de mel em Petrópolis, e em 10 de janeiro de 1865 seguem viagem para a Europa onde a Princesa conheceu então os pais de seu marido.

Com o fim da Guerra do Paraguai o casal faz nova viagem à Europa. desta vez para visitar a Princesa Leopoldina que se encontrava doente. Sofrendo de tifo, a única irmã da Princesa Isabel veio a falecer em 7 de fevereiro de 1871. Neste mesmo ano. D. Pedro II faz sua primeira viagem à Europa. Deixando, pela primeira vez, a Princesa Isabel como Regente do Império. Neste interim, é assinada a 28 de setembro a Lei do Ventre Livre.

A ausência de filhos do casal preocupava a todos. Engravidara a Princesa durante a sua terceira viagem à Europa. mas somente no 6 mês de gravidez ponderou sobre a dificuldade de retornar ao Brasil para que aqui nascesse o seu herdeiro. como regia o Contrato Matrimonial. Embarcando dois meses depois, após uma viagem penosa, nascia-lhe morta uma menina aos 28 de julho de 1874, no Paço Isabel. Finalmente em 15 de outubro de 1875, quando comemoravam onze anos de casados, nascia no Palácio Princesa Isabel, em Petrópolis, o herdeiro, recebendo o nome de Pedro de Alcântara, e o título de Grão-Pará, que competia ao primogênito do Príncipe Imperial. No Palácio Imperial de Petrópolis, em 26 de janeiro de 1878, nascia o segundo filho da Princesa, Dom Luís Maria e a 9 de agosto de 1881, em função de uma demorada viagem à Europa, nascia o terceiro filho, Dom Antônio, no Palácio alugado da Rua de La Faisanderie, 27, Passy, Paris.

A 30 de junho de 1887. com a partida do Imperador para a Europa, em tratamento de saúde. começava a 3a Regência e a 3ra fase política da vida da Princesa. A escravidão estava de tal maneira presente na vida do Império que várias tentativas visando aboli-la acabavam esbarrando no conservadorismo dos fazendeiros e proprietários, mesmo entre os liberais. As relações entre a Regente e o Ministério de Cotegipe eram tensas, embora aparentassem ser cordiais, Enquanto a Princesa aliava-se ao movimento popular, o Ministério de Cotegipe defendia a manutenção da escravidão. Aproveitando-se da oportunidade oferecida por um incidente de rua, a Princesa substitui o Gabinete. O novo ministério. conhecido como o Gabinete da Abolição, tinha a frente o Conselheiro João Alfredo, a quem a Princesa sugeriu na Fala do Trono que se fizesse o quanto antes a abolição da escravatura.

A 13 de maio, um domingo, seriam as últimas votações e a Princesa. certa da vitória, descia de Petrópolis para aguardar no Paço da Cidade o momento de assinar a Lei Aurea. Na euforia e no entusiasmo pelo seu dia de glória, só ouvia a Princesa os louvores e os aplausos - Viva Isabel I. Coroando a atitude da "Redentora" faltava a henção da Igreja, com a Rosa de Ouro. concedida à Princesa pelo Papa Leão XIII, em 28 de setembro de 1888.

Com a Proclamação da República, embarca a Família Imperial para o exílio na Europa. A velhice transcorreu tranquila e calma para a Princesa Isabel. Rodeada do marido - que amava e que a amava - e dos filhos (dois dos quais levados pelas conseqüências da Primeira Guerra Mundial) e por seus netos, que passaram a constituir o seu encantamento. Nos últimos anos, com dificuldade para se locomover, era empurrada numa grande cadeira de rodas pelos corredores e salões do castelo d’Eu, e a 14 de novembro de 1921, fechava para sempre "aqueles Olhos cheios de lembranças do Brasil".

Maria Antonieta Ahrcu da Silva Chefe do Setor de MuseoIogia do Museu Imperial de Petrópolis (Texto baseado na obra dc Luii Lourenço Lacombe. Isabel: A Princesa Redentora)

 

150 YEARS OF BIRTH OF PRINCESS ISABEL - THE REDEEMER DONA ISABEL

Imperial Princess and heiress to the throne, was born in the Paço de São Cristóvão, Quinta dc Boa Vista, Rio de Janeiro, on July 29, 1846. In the same city on October 15, 1864, she married Prince Gastão de Orléans Count d'Eu eldest son of Duke of Nemours and grandson of Luís Filipé, King of France. She bore three sons: Prince Dom Pedro de Alcantara, Dom Luís and Dom Antônio.

She was Regent of the Empire for three times when Emperor Dom Pedro II traveled abroad: the first time, from May 25, 1871, to March 31, 1872; the second, from March 26, 1876 to September 25, 1877; and finally, from June 30 1887 to August 22, 1888. During this last regency, using the prerogatives of the Imperial Princess Regent, she sanctioned on May 13, then Áurea" Law that extinguished the slavery. For this act, she was awarded the medal "Rose of Gold" by the Pope Leon XIII.

She received other awards such as the Grand-Cross of the Imperial Order of the Cruzeiro of D. Pedro I, Founder of the Brazilian Empire- the Rosa; Santiago da Espada- São Bento de Avis and Our Lord Jesus Christ, the last two reformed in Brazil; the Order of Santa Isabel from Portugal Cruz Estrelada from Austria; and the Damas Nobres of Maria Luísa from Spain.

With the fall of the monarchy, she accompanied the family to exile, and died on November 14, 1921, at the Castle d' Eu, in France, where she had lived ever since. He body was taken to the Orléans Pantheon in Dreux as well as her husband's. Removed to Brazil aboard of the cruise Barroso, they arrived in Rio de Janeiro on July 7, 1953, where they stayed until May 12, 1971. At this date they were brought to Petrópolis and buried in the Cathedral

IMPERIAL MUSEUM - IPHAN Institute of the National Historical and Artistic Patrimony

               Uma Princesa Brasileira

                                             Por Gilmar Moreira Gonçalves

 No dia 13 de maio de 1888, uma senhora de 41 anos, portando uma caneta banhada a ouro assinava um dos documentos mais importantes da História do Brasil - a Lei Áurea, que dava liberdade a todos os escravos.  Por detrás  de sua assinatura havia o clamor de diversas  pessoas, que lutaram junto com ela para que tal lei fosse implantada. Através deste ato, seu nome ficaria definitivamente na História. Mas quem era essa mulher, que governou o Brasil por três vezes numa época onde os homens dominavam a política?

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, nasceu no palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1846. Filha do imperador Pedro II e de Teresa Cristina, terceira imperatriz do Brasil, e se tornou herdeira do trono após o precoce falecimento de seus irmãos Afonso e Pedro. Na condição de princesa imperial, título que cabia aos herdeiros do trono de acordo com a constituição do Império, a princesa Isabel cresceu em um lar muito saudável, onde imperava o respeito mútuo entre os pais: “Cara Teresa. Estimo que tenhas passado bem, assim como as pequenas que, graças a Deus, sei que gozam de saúde, e a quem darás dois beijinhos de minha parte. Adeus e um abraço bem apertado de seu afeiçoado esposo. Pedro”.

Junto com sua irmã Leopoldina, a jovem princesa recebeu educação condizente  com sua condição de herdeira do império. Para se ter uma idéia de sua exaustiva maratona educacional, basta observarmos seu programa de férias em Petrópolis, descrito por seu pai:

“_ Assisto às lições de Sapucaí, de inglês e de alemão, dadas às minhas filhas. Nas segundas-feiras lerei a elas Barros, das 7h30 às 8 da noite; terças, Lusíadas, da 10h 30 às 11 da manhã; das 3 às 4, dar-lhes-ei lições de matemática, e latim das 7h30 às 8 das noite. Domingos e dias santos, leitura de Lucena durante uma hora, e meia hora de leitura do Jardim das Raízes Gregas, à noite.”

Mais tarde, em sua primeira visita à Europa, já casada, Isabel Cristina escrevia ao pai para agradecer a educação recebida. “ Oh! Quanto lhe agradeci no meu interior de me ter ensinado e de me ter dado mestres de modo que agora compreendo a maior parte das coisas que vejo, ainda que ignore muito”. Entre seus mestres estavam a Condessa do Barral, por quem manteria afinidade e admiração por toda vida.

As diversões das princesas ficavam por conta de jogos de salão e representações teatrais no próprio palácio. Eram as “festas das meninas”, de que estavam excluídos  políticos e meninos. As Princesas viam transcorrer sua juventude, entre aulas de latim, alemão, botânica, mitologia, história sagrada, matemática além de leitura dos evangelhos aos sábados.

Como únicas herdeiras de D. Pedro II, as princesas precisavam se casar para assegurar logo a descendência imperial. Para isso, D.  Pedro pediu ajuda a parentes que viviam na Europa:  suas irmãs Januária e Francisca, o cunhado D. Fernando, viúvo de sua irmã Maria II rainha de Portugal, e a madrasta D. Amélia. Primeiramente pensou-se no jovem Duque de Penthièvre, filho de D. Francisca. Mas a escolha caiu sobre dois sobrinhos dela, Augusto de Saxe-Goburgo Gotha, o Duque de Saxe, e  Gastão de Orleans, o Condé d’Eu. Ambos netos de Luís Filipe, Rei da França.

A intenção do Imperador era casar Isabel com Augusto e Leopoldina com Gastão. No entanto, contrariando um costume da época, as princesas puderam escolher seus noivos. “Chegaram o Conde d’Eu e o Duque de Saxe. Meu pai pensava no conde d’Eu para minha irmã e no Duque de Saxe para mim. Deus e os nossos corações decidiram diferente”, escrevia Isabel. Em um mês resolveram-se todas as formalidades a princesa unira-se a seu príncipe que estaria a seu lado por toda a vida. O casal passou a residir no bairro carioca das Laranjeiras, no atual palácio Guanabara, e em Petrópolis. Desde então esses palácios passaram a ser refúgio de escravos fugidos. O Imperador concedeu as honras de marechal do Exército ao genro, que, pelo contrato antenupcial, receberia o  título de imperador desde que tivesse com a princesa filho chamado ao trono, mas não tomaria parte no governo.

Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, o conde d’Eu, nasceu no castelo de Neuilly, França, em 28 de abril de 1842. Era filho de Luís de Orléans, duque de Nemours, e da princesa Vitória de Saxe-Coburgo Gotha. Com a vitória da segunda república, em 1848, foi exilado junto com a família real francesa e passou a viver no palácio de Claremont, perto de Londres. Nomeado alferes de cavalaria pela rainha da Espanha, Isabel II, participou da campanha do Marrocos. De volta, com atos de bravura registrados em sua fé de oficio, entrou para a Escola Militar de Segóvia, de onde saiu em 1863 com as patentes de capitão de cavalaria e tenente de artilharia. Retornou então ao Reino Unido. Não era  visto com simpatia pelos brasileiros; acusaram-no de avarento,  de aproveitador e de alheio aos interesses da nação. Devido a uma surdez e ao forte sotaque, era mantido isolado, jamais chegou a ser admitido na sociedade brasileira, para  qual ele foi, até o fim, “o francês”. Compartilhava com a família imperial da mesma idéia a respeito da escravidão: “ É difícil sonhar com país mais belo. Só há um aspecto negro, e bem negro, é a natureza criminosa do trabalho que serve de base a toda essa opulência. Reformar esse ponto sem transformar em deserto os campos onde brilham os cafeeiros, eis o problema sobre o qual teria muito a dizer”.

        Após o casamento, Isabel e Gastão passaram a frequentar teatros, promover bailes, festas e reuniões. Mas sempre havia tempo para os passeios solitários. E, nos momentos de intimidade, Isabel corrigia o português de Gastão e juntos liam Walter Scott, Tocqueville, Octave Feuillet, autores famosos da época.

Em sua segunda viagem à Europa, Isabel recebeu o chamado urgente da Áustria, onde sua irmã, após ter o quarto filho, passava mal e queria vê-la. Mas a visita não  foi possível, Leopoldina estava com tifo e morreu pouco depois, com apenas 24 anos. Foi grande a angústia de Isabel e ela relata isso em carta aos pais. “Não tenho ânimo de fazer nada, senão rezar e chorar. Lembrem-se de que ainda tem uma filha, que tanto os ama. Pelo amor de Deus, não fiquem doentes”. Por esse motivo, retornaram ao Rio de Janeiro. E, no mesmo ano, seus pais, resolveram viajar para a Europa com o intuito de verificar a qualidade de vida levada por seus netos órfãos. Durante a  ausência do pai, Isabel assumiu  o trono como regente aos 25 anos de idade. No período em que exerceu o poder, no ministério do visconde  do Rio Branco, entre 7 de maio de 1871 e 31 de março de 1873, sancionou a Lei do Ventre Livre, que libertava  os filhos que nascessem de mãe escrava.

Na mesma época ela ficara grávida, mas perdera a criança. Em Julho de 1874, em viagem à Europa, nascia morta uma menina. Em 1875 nasceu Pedro de Alcântara, Príncipe do Grão-Pará casado mais tarde  com a condessa austríaca Elizabeth  Dobrzensky de Dobrzenicz. Em 1878 Isabel  teria outro filho, D. Luís, casado com a princesa Maria Pia de Bourbon Sicília. Por último, nasce, D. Antônio, morto solteiro pilotando um avião na Primeira Guerra Mundial.  A princesa procurou dar uma formação democrática aos filhos, matriculando-os no colégio do Padre Moreira, freqüentado pelas crianças mais simples de Petrópolis.

Voltou a assumir o cargo de regente em 26 de março de 1876, quando da viagem de Pedro II aos Estados Unidos, e nele permaneceu até 27 de setembro do ano seguinte. Em sua terceira regência, iniciada em 5 de janeiro de 1887, a princesa aceitou a renúncia do gabinete escravocrata do barão de Cotegipe e designou primeiro-ministro o conselheiro João Alfredo Correia de Oliveira. O novo governo impôs uma rápida tramitação à lei que abolia a escravidão, sancionada por Isabel em 13 de maio de 1888, que acabou com a mancha da escravidão no último país americano a ter escravos. A decisão  valeu à princesa imperial a condecoração  da Rosa de Ouro, concedida pelo papa Leão XIII.  Ao ouvir a notícia da assinatura da Lei Áurea,  D. Pedro mandou um telegrama à filha: " Abraço a Redentora". Patrocínio, orador popular da libertação, escrevera no livro: "Os reis criam princesas. O Imperador criou uma mulher". Cotegipe, ao lhe beijar a mão, disse, “a senhora ganhou a partida, mas perdeu seu trono”. É certo que o mérito não foi apenas dela, mas seu interesse pela causa foi de fundamental importância. Os fazendeiros escravocratas, sustentáculos da política imperial, abandonaram o Imperador  após a abolição. E disso  já sabia muito bem Isabel antes de assinar  a Lei Áurea.

Em novembro de 1889, a República é proclamada. Junto com  sua família, Isabel seguiu para o exílio. “ É com o coração partido de dor que me afasto de meus amigos, de todos os brasileiros e do país que tanto amei e amo, para cuja felicidade esforcei-me por contribuir e pela qual continuarei a fazer os mais ardentes votos. Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1889. Isabel, Condessa d’Eu”.  Ela morreria em 14 de novembro de 1921, no Castelo d’Eu na França. “Com saudades de Petrópolis, de minha casa, do meu jardim e de minhas amigas...” Mas seria sempre lembrada, Isabel, a redentora dos escravos. Ainda no navio que a levava para o exílio, teria dito a Rebouças: “Senhor Rebouças, se houvesse ainda escravos no Brasil, nós voltaríamos para libertá-los”.


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