Castro Alves

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150 ANOS DO NASCIMENTO DE ANTONIO DE CASTRO ALVES

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Existe umpovo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infâmia e cobardia! ... ( ..)

Auriverde pendão da minha terra,

Que a brisa do Brasil beija e balança,

Estandarte que à luz do sol encerra,

As promessas divinas da esperança,

Tu, que da liberdade após a guerra

Fôste hasteado dos heróis na lança,

Antes te houvessem rôto na batalha

Que servires a umpovo de mortalha! ( ..)

Andrada! arranca esse pendão dos ares!...

Colombo! fecha a porta de teus mares! ...

 

 

Aos 14 de março de 1847 nascia na fazenda Cabaceiras (Muritiba-BA) aquele que seria uma das expressões mais rigorosas da poesia
nacional. Era filho do casal Dr. Antonio José Alves e D. Célia Brasília da Silva Castro.
 

Após ter feito os estudos primários em São Félix, à beira do Paraguaçu, cursou em 1856, em Salvador, o Colégio Sebrão e depois
fez Humanidades no Ginásio Baiano,do educador Abílio Cesar Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde se tornou conhecido pelas versões literárias de poesias de Vitor Hugo e suas próprias produções infantis.
 

Em 1862 seguiu para Recife a fim de fazer os preparatórios de Direito. Ali, cedo se destacou como poeta envolvido nas causas liberais e abolicionistas, refulgindo o seu talento na tribuna, nas recitações e publicações dos seus versos. No ano de 1864 foram Castro Alves e Tobias Barreto reconhecidos os mais notáveis talentos da Faculdade.


Ambos representantes de uma poesia enfática e retumbante, a que se denominou Condoreirismo.Em 1863 havia chegado a
Recife a Companhia Dramática de Furtado Coelho, da qual era primeira atriz a portuguesa Eugênia Infante da Câmara, a quem o poeta vira pela primeira vez no Teatro Santa Isabel, na peça Dalila. Esta se tornaria sua amante de 1866 a 1868, além de ter sido efetivamente a maior paixão de
sua vida.


Em 1866 Castro Alves volta à Bahia, tendo passado por terrível golpe com a morte de seu pai, Dr. Antonio José Alves. Ao regressar ao Recife funda com outros acadêmicos, a exemplo de Ruy Barbosa, Augusto Guimarães, Plínio de Lima e Regueira
da Costa, uma sociedade aholicionista,
que se instalou na Rua do Hospício.

Em 1867, quando deveria cursar o 3° ano jurídico, decide embarcar para a Bahia, em companhia de Eugênia Câmara, jamais regressando ao Recife.


Em Salvador, hospeda-se inicialmente
no Hotel Figueiredo, ao Largo do Teatro, hoje Praça Castro Alves, transferindo-se em seguida para o Solar da Boa Vista, onde o casal passou a residir. Sua maior preocupação, àquela época, era levar ao palco o drama Gonzaga ou A Revolução de
Minas, estréia ocorrida na noite de 7
de setembro de 1867, tendo Eugênia
Câmara, no principal papel, conquistando
o público e a imprensa.


Muitas vezes apresentou-se Castro Alves no Teatro São João, sendo sempre muito aplaudido, não só pela beleza dos seus versos, impecável apresentação, mas também "pela majestade da figura e elegância do porte", conforme asseverou seu contemporâneo João de Brito, em carta
dirigida a Xavier Marques.


A 10 de fevereiro de 1868, a bordo do navio Picardie, de bandeira francesa, partiram o poeta e sua amada para a Capital do Império. No dia 16 de fevereiro, levando carta de apresentação de Fernandes da Cunha, vai até a Tijuca a fim de visitar o grande romancista José de Alencar. Este, em
carta que publicou pelo Correio Mercantil, em 22 de fevereiro, disse:
"Recebi ontem a visita de um poeta. O
Rio de Janeiro não conhece ainda, muito breve o há de conhecer o Brasil.


Bem entendido, falo do Brasil que sente do coração e não do resto. O Sr. Castro Alves é hóspede desta grande cidade. Vai para São Paulo concluir o curso que encetou em Olinda" ...
Do escritor cearense, que o recbeu com extrema cortesia, aceitou o poeta o estímulo para conhecer Machado de Assis.

Este, comentando a carta de Alencar declara: " A musa de Castro Alves não podia ter mais feliz intróito na vida literária. Abriu os olhos em pleno Capitólio. Os seus primeiros
cantos obtiveram o aplauso de um mestre." E mais: Achei um poeta original.

A musa do Sr. Castro Alves tem feição própria."


Nos dias em que permaneceu no Rio, Castro Alves chamou atenção dos círculos literários e do público carioca,
tendo o julgamento dos dois luminares das nossas letras acima mencionados sido publicado no Correio Mercantil de 22 de fevereiro e I° de março de 1868, difundindo a impressão favorável que ambos tiveram do poeta.
Pouco tempo, no entanto, permanece no Rio, seguindo em fins de março, com Eugênia, para São Paulo, matriculando-se no 3° ano de Direito.
Tendo-se apresentado num sarau literário promovido pelo Arquivo Jurídico, no Salão Concórdia, fez
estrondoso sucesso, divulgado no dia
seguinte na imprensa local..
 

Em pouco tempo, graças às freqüentes apresentações públicas, alcançou rápida celebridade entre os colegas e no meio social da Paulicéia.


No mesmo ano rompeu definitivamente
com Eugênia Câmara, triste desfecho do seu maior caso de amor, que o fez mergulhar em profunda melancolia.
Consta, que, para distrair-se, passou a dedicar-se a caçadas nos arredores da cidade, até que, no dia 11 de novembro de 1868, feriu acidentalmente o pé com um tiro de espingarda. Tendo o ferimento infeccionado, agravou-se o seu estado de saúde com a tuberculose pulmonar, razão pela qual foi o poeta removido para o Rio, onde lhe amputaram o pé gangrenado.


Em tins de 1869 regressou à Bahia para convalescer e cuidar da edição de Espumas Flutuantes, livro que veio a lume nos fins de 1870, no Sobrado. do Sodré, n° 24. Sua obra contempla vertentes: lírica, expressa pelas feições amorosa e naturista e épica social. A lírica também se reveste de toques introspectivos de dúvida e fatalismo diante da existência.
Mocidade e Morte e Quando eu
Morrer são exemplos dessa tônica
intimista.


Foi, porém, sua poesia social,de índole libertária e a orientada para as lutas abolicionistas que lhe concederam perene atualidade.Por essa razão, seu conterrâneo Edison Carneiro, escreveu com muita propriedade: "Pretendo, do
ponto de vista político, interpretar a
sua obra como poeta republicano,
como porta-bandeira da burguesia revolucionária, como um democrata
conseqüente, que não temia fantasmas, que sabia que o povo faria, mais cedo ou mais tarde, dos ossos dos tiranos, as armas da sua vitória". E mais:
"Profundamente ligado ao povo, Castro Alves dava mais valor à poesia épica e social, à poesia de combate, do que à poesia lírica. Esta interpretação política mantém fidelidade a esse
ponto de vista".


Com efeito, em apenas 24 anos de vida, Castro Alves se fez um "peregrino audaz" dos ideais de seu
povo, razão pela qual sempre se manterá vivo na evocação de sua gente

 

CONSUELO PONDE DE SENA Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Coinissão dos 150 Anos do Nasciinento de Castro Alves

 


150 YEARS OF BIRTH OF ANTONIO DE CASTRO ALVES

 

Antônio de Castro Alves the major "condoreiro" (elevated, hyperbolical, antithesis style) poet and the last of the Brazilian romantics was born on March 14, 1847, in the "Cabaceiras" farm, in Muritiba - BA.

After graduating in Humanities in Salvador, in 1862, he moved to Recife. There he was admitted into its traditional School of Law. Early he was distinguished in the capital of Pernainbuco as a poet involved in the liberal and abolitionist causes of the academic youth of his times.

Participant of the national romantic generation Castro Alves has expressed - as few have done - the ideals of that time carried by the generosity of his heart and the burning impetus of his genius.

At the Recife's School of Law he was fellow student of Tobias Barreto, also a "condoreiro" poet with whom he has polemized at famous literary meetings. In Recife, Castro Alves had the opportunity to meet the actress Eugênia Câinara, his utmost muse and the most vigorous passion of his life. In 1867, Castro Alves leaves definitely Recife and with Eugenia arrives in Salvador where he dedicates his time to theater, music and letters leaving behind his juridical studies.

On September 7, 1867, at the São Joâo Theater he presents the drama "Gonzaga or the Minas Revolution", his unique play, with Eugênia playing the major role.

Castro Alves moves to São Paulo with Eugênia and applies for the School of Law where he is received calorously not only by the academic youth but also by the press. "In this year (1868) he is consagrated as the first Brazilian poet of his times and is approved in the application for the 3rd juridical year", wrote Silio Boccanera Junior.

In a trip to Rio de Janeiro he meets José de Alencar and Machado de Assis. The latter commented about him: "I think that he is an original poet... The muse of Mr. Castro Alves has her own style". At that same year he separated definitely from Eugênia Câinara, a sad ending of a love affair that plunged him into deep melancholy.

The story says that to forget his sadness, he becomes an adept at hunting. During one of these huntings he hurts his foot accidentally with his gun. He is taken to Rio de Janeiro where be had his foot amputated fact that has aggravated his illness.

Silent and weak he comes back to Bahia... bringing as only ambition the hope of dying among his own. In Salvador he keeps busy with the preparation of "Floating Foams" the only book published during his life.

In addition to his lyrical side expressed by the amorous and naturist style, he was a remarkable social epical poet. His poems on behalf of the abolitionist cause gave him the cognomen of Poet of the Slaves.

On July 6, 1871, 24 years old, he died in Salvador. He received from all over the country the consagration as the major poet of his times and one of the main poets of the national literature.

 

CONSUELO PONDE DE SENA President of Geographic and Historical Institute of Bahia and President of the Committee for the 150 Years of Birth of Castro Alves (Govern ment of the State of Bahia)

 


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Last updated: 03/29/10.